sábado, 11 de setembro de 2010

Uma troca de olhares, um doce convite


Uma troca de olhares
Doce cumplicidade
Conhecida só pelos amantes
Que invadem
A mente e coração do ser amado
Uma troca de olhares
Um convite
A um beijo suave e também quente
Convite ao encontro de duas almas
Que no intimo se pertencem

Como perfume das rosas


Como perfume das rosas
Teu viver desabrocha em mim
A mais deliciosa alegria
A sensação de pertencer a ti
Completa meu ser
E hoje se torna tudo que preciso pra viver
Hoje eu sei meu amor, minha vida é você

Minha alma ouve tua voz


Minha alma ouve tua voz
Meu coração clama por nós
O mais sublime pensar
Faz meu corpo pulsar
Delirar em desejo por ti
Teu toque ficou gravado em mim
O pensamento em você não sai da minha mente
E eu não vejo a hora de te ver novamente

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Antes do Amanhecer


Os olhos viam, não reconheciam
Mas o coração sentia.
Mas o coração sabia
Mesmo que os anos fossem muitos
Mesmo que a separação, terrível fado
Mesmo que a morte do ser amado
A antiga e gentil face mudara
Os olhos do coração enxergavam
Aquele que amara
O coração que não batia, palpitava
Os olhos choraram, sem lágrimas
O Amor atravessando a morte, triunfava.


Fora a fuga de onde normalmente não se fugia. Fora a saudade dolorida, fora tênue e fugaz presença, acordando a esperança adormecida.
O corpo morre, a vida morre.

O amor é indestrutível, imbatível.

E o amor alimentava a esperança.
Se o amor declara que até a lua iria, as estrelas traria, é um sonho, exagero passageiro de doçura. Mas à prova nunca havia sido posto. A oportunidade faltava, mas, dessa vez, não falhara. E o coração que há muito perecera, mas não de todo morrera, erguia-se mais vivo do que um dia fora e movia oceanos e montanhas em sua busca preciosa.
O caso fora o acaso que mostrara num vislumbre, essência fraca do amor.
O perfume adocicado entranhava-se na alma e esta fugia da morte para a vida, de onde o amor descansava para onde o amor vivia.
E depois de atravessar dois mundos, parava, sem saber, apenas olhava.
De repente, ela virou e os olhos brilharam diante do impossível, quase inacreditável.
Crendo, os olhos choraram.
E os braços saudosos se abriram, o amor se reencontrou.
Agora, depois de tanto tempo, juntos, embalados pelo calor da paixão.
- Como é possível?
- Não me pergunte que nem mesmo eu sei...
- Está vivo de novo? Poderá ficar aqui comigo?
- Minha vida é de somente um dia. Ao amanhecer, irei. Mas, sempre estarei aqui contigo.
- Ao amanhecer...
Sim, seria tudo. Um dia, uma noite. O último dia, a última noite, antes do amanhecer...
Ficaram olhando-se como se pudessem preencher os anos vazios de solidão com a imagem do amor.
Como se olhando pudessem assim guardar um ao outro dentro de si. Olhando sem palavras. Com os olhos dizendo as mil palavras que não haviam sido ditas todo esse tempo.
Caminharam em silêncio, silêncio de saudade, até um recanto solitário de um bosque fechado, para que a saudade finalmente fosse embora.
Pararam e se olharam. Se olharam e se tocaram. Se tocaram e se aproximaram. Se aproximaram e se abraçaram. Se abraçaram e se beijaram, selando o sentimento há muito adormecido por dentro. Acordado, incendiou-os. E se amaram.
Se amaram como se fosse a primeira vez. Se amaram como se fosse a última. Com a alegria do reencontro e a tristeza da partida, com o renascer da vida e o amanhecer da morte...
Deitaram e se abraçaram. Logo levantaram. Seguiram juntos, caminhando pelo bosque, pela cidade, por muitos lugares, por muitas vidas, porém nada viam além de si mesmos.
- Vamos tomar sorvete, querido?
- Vamos tomar o quê?
- Ah, vem cá que eu te mostro, é gostoso! – e puxou o outro pela mão,
Correram pela rua e riram. Compraram sorvetes e ficaram passeando pela praça como os eternos jovens namorados que o destino quis que fossem.
Sentados num banco de praça, dois jovens namorados e as pessoas que passavam diante de tanto amor esqueciam-se de condenar para invejar tanta felicidade! Mas sabiam eles que ao amanhecer, que a bela tarde seria a última, poente do dia, poente do amor...
E finalmente o sol se punha, levando consigo o último dia, para voltar ao amanhecer, trazendo consigo a última hora.
E a lua nasceu iluminando a noite dos amantes. E as estrelas apareceram, pontinhos distantes como a esperança de um dia ficarem sempre juntos. Ah! Mas bem disse o poeta, se as coisas são inatingíveis, isso não é motivo para não querê-las...
E o desejo de estarem sempre juntos seriam estrelas, iluminado o caminho da eterna noite que se traria presente ao amanhecer.
Mas agora não é hora para isso, a noite ainda é uma criança e eu sou o seu brinquedo... Então, vamos nos amar loucamente, só para depois nos amarmos de novo, docemente, só para depois nos amarmos de novo, de novo e de novo, para sempre.
E foi no embalo das ondas do mar, nas areias da praia que eles foram se amar.
E a cada suspiro, a cada gemido, a cada onda, a noite se esgotava, mas a paixão, o desejo não se acabava. O cansaço, a fadiga, a dor, nada atrapalhava, nada existia, a não ser o amor e o desejo...
De repente, uma intrusa claridade despertou os amantes de seu ato.
As estrelas iam desaparecendo aos poucos, junto com a esperança de ficarem juntos.
Um beijo, um abraço, os últimos. Mãos enlaçadas, o beijo da alma.
E o sol surgia.
Amanheceu.
As mãos se enlaçaram com mais força, não adiantou, pois ele ia se esvaindo em massa incorpórea, pouco a pouco.
A magia acabara e ele ia sumindo, de volta para seu descanso. E se foi.
A manhã surgiu iluminada e uma jovem na praia chorava lágrimas silenciosas, afinal, a morte é silêncio.